O auditório do Sesi Escola Várzea Grande se encheu de orgulho e novas perspectivas na noite desta terça-feira (25), durante a cerimônia de formatura da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Ao todo, 50 estudantes concluíram o ensino fundamental e médio, abrindo portas para trajetórias profissionais mais competitivas. Entre eles, histórias de coragem, persistência e sonhos finalmente retomados.

Depois de 17 anos longe da sala de aula, Eliedina Alves de Alencar, 39 anos, subiu ao palco para pegar o diploma que, para ela, simboliza uma virada de vida. Cearense, ela se mudou para Cuiabá em 2000, aos 14 anos, em busca de novas oportunidades. Desde então, passou por funções de serviços gerais e atuou como cobradora de ônibus, rotinas pesadas que tornavam quase impossível conciliar trabalho e estudos.

“Agora me sinto realizada. Posso fazer minha faculdade de enfermagem, que sempre desejei. Antes eu me sentia inferior por não ter o ensino médio”, conta. Hoje, Eliedina trabalha em um hospital, na área de Gestão de Pessoas, como secretária da Gerência de Enfermagem.

Mãe solo de um menino de 8 anos, ela destaca que a maior motivação para retornar aos estudos foi garantir um futuro melhor para o filho: “Sempre digo a ele que estudar é muito importante.”

Eliedina também faz questão de agradecer ao Sesi e aos professores que acompanharam sua jornada: “O Sesi nos deu essa oportunidade. Sou muito grata, especialmente ao professor de matemática, Gilvan, por toda atenção e dedicação.”

Outra formanda que celebrou a superação é Thaís Oliveira da Cruz, 33 anos. Porteira e empreendedora — vende peças íntimas para complementar a renda —, ela viveu um momento de forte emoção ao receber o diploma.

“É uma felicidade enorme ter chegado até aqui. Deus me ajudou muito, porque não foi fácil”, afirma. Thaís deixou a escola em 2006, quando engravidou da filha aos 14 anos. Depois disso, mudou-se de estado, trabalhou em diferentes ocupações e só agora conseguiu retomar os estudos.

A exigência do mercado de trabalho, o avanço da tecnologia e o desejo de crescer profissionalmente foram fatores decisivos para sua volta: “A gente precisa acompanhar as mudanças. Quero um emprego melhor.”

Casada e mãe de uma filha, Thaís planeja seguir estudando: pretende ingressar na faculdade de Serviço Social ou realizar um curso técnico de enfermagem.

EJA transforma vidas

Neste ano, a unidade do Sesi em Várzea Grande registra 500 matriculados na EJA, sendo 240 concluintes somente em 2025 — números que revelam a busca crescente por qualificação e novas oportunidades. A cerimônia reuniu formandos do ensino fundamental e médio em uma noite marcada por aplausos, lágrimas e a sensação coletiva de recomeço.

O modelo educacional da EJA do Sesi MT se destaca por valorizar o que os alunos já sabem. A metodologia de Reconhecimento de Saberes considera as vivências pessoais e profissionais como parte do processo de aprendizagem. Além disso, o formato flexível — com 80% das aulas em EAD — permite que adultos com rotinas intensas possam estudar sem renunciar ao trabalho ou da família.

Texto: Fernanda Nazário

Fotos: Emerson Oliveira