A construção de cidades mais humanas, sustentáveis e tecnologicamente conectadas ganhou destaque na Feira Steam realizada na última quarta-feira (19.11) no Sesi Escola Cuiabá e Várzea Grande. O evento reuniu familiares, amigos e comunidade para conhecer os projetos desenvolvidos pelos estudantes ao longo do ano, todos guiados pela temática Cidades Inteligentes, eixo que integrou ciência, inovação, criatividade e compromisso social.

Após meses de estudos e experimentações, os alunos transformaram desafios reais do cotidiano em soluções práticas, abordando temas como acessibilidade, mobilidade, reciclagem, queimadas, saúde, inclusão e segurança. A proposta da Feira Steam foi dar visibilidade a essas ideias e mostrar como o aprendizado baseado em projetos conecta tecnologia e responsabilidade cidadã.

Entre os destaques da mostra, um grupo de estudantes apresentou um projeto voltado à inclusão de pessoas com deficiência visual. O trabalho surgiu após a identificação de dificuldades em escolas públicas, como ausência de materiais adequados, falta de capacitação docente e barreiras arquitetônicas.

A solução proposta inclui capacitação de professores, softwares de leitura de tela, materiais didáticos acessíveis e a adaptação de ambientes. O ponto alto do projeto foi o “óculos inteligente”, protótipo criado pelos estudantes com sensores ultrassônicos e alerta sonoro. Segundo o aluno Daniel, a proposta é oferecer mais autonomia a quem possui deficiência visual.

“Quando a pessoa vai se aproximando de um obstáculo, os óculos avisam por meio de apitos. Desenvolvemos com bateria duradoura, resistente à água e de fácil recarga”, explicou o estudante.

A criatividade também guiou os trabalhos ligados à sustentabilidade. A aluna Maria Eduarda Ferreira apresentou um vestido feito inteiramente de páginas de revista, reforçando o conceito de reaproveitamento de materiais. “A ideia era usar algo realmente sustentável. O papel das revistas dá estrutura e ainda ajuda a reciclar”, contou.

A saúde foi tema de outra proposta inovadora: uma máquina automática de dispensação de medicamentos, idealizada pelos alunos do oitavo ano. O equipamento permitiria que moradores de bairros mais distantes ou com pouca oferta de farmácias tivessem acesso facilitado a medicamentos básicos e controlados.

“Você seleciona o remédio, confirma o pedido e, no caso dos controlados, faz a leitura da receita no scanner”, explicou o estudante Eric Vinícius. O projeto também prevê instalação em mercados e parceria com instituições de apoio a idosos.

Soluções para queimadas e enfrentamento à seca

O tema ambiental também foi destaque. A aluna Catarina Rodrigues, do quarto ano, apresentou um drone desenvolvido para transportar água a áreas de seca e locais de queimadas, contribuindo para o controle inicial do fogo e para a recuperação de áreas degradadas.

A mãe da estudante, Letícia Rodrigues, comemorou a oportunidade de ver a filha colocar em prática tudo o que aprende em sala. “Esses projetos fazem diferença no desenvolvimento intelectual e emocional das crianças. Elas conseguem relacionar o que aprendem com a realidade. Sustentabilidade é essencial hoje e é muito gratificante ver que elas já estão plantando um futuro melhor”, destacou.

Outro pai orgulho foi da aluna Sofia Nascimento, o Rafael Rosa. “Eles se uniram desde o começo. Ver o projeto pronto, especialmente na área da reciclagem, é muito importante. Dá para ver como eles se dedicaram”, afirmou.

Segurança pública

Inspirados pelo programa de monitoramento Vigia Mais Mato Grosso, estudantes do 9º ano desenvolveram o Safe Vision, uma inteligência artificial capaz de identificar situações de crime.

O projeto levou cerca de oito meses para ganhar forma e envolveu a colaboração de vários colegas. A proposta agora é aprimorar a ferramenta e apresentá-la à Secretaria de Segurança Pública do Estado.

“A gente pretende integrar essa inteligência artificial, desenvolvida totalmente em linguagem Python, ao Centro Integrado de Operações de Segurança Pública. Isso vai permitir mais precisão na resolução de casos e no deslocamento das equipes, reduzindo interferências como trotes e informações inconsistentes, que atrapalham muito o dia a dia”, explica o aluno Filipe Simi.

Atualmente, o Safe Vision já reconhece cerca de 80 comandos, entre eles movimentos como soco e ações como furto de celular. O gerente de Educação do Serviço Social da Indústria (Sesi MT), Fernando Pereira, destaca que a Feira Steam tem papel essencial na formação dos estudantes, incentivando a criatividade e o protagonismo juvenil.

“A Feira Steam estimula os jovens a serem protagonistas do próprio aprendizado. Quando os alunos transformam problemas reais em soluções tecnológicas, eles desenvolvem competências fundamentais para o futuro — pensamento crítico, trabalho em equipe, capacidade de inovar e, principalmente, a confiança de que podem impactar positivamente a sociedade”, afirma

Texto e fotos: Fernanda Nazário

Feira Steam 2025

 

Feira Steam 2025/2