Alunos têm aula enriquecedora com palestrantes quilombolas sobre a influência afrodescendente na cultura de MT
Os alunos do ensino fundamental do Sesi Escola Cuiabá prestigiaram uma enriquecedora palestra sobre a contribuição afrodescendente para a cultura mato-grossense. Os adolescentes fizeram uma verdadeira viagem no tempo e mergulharam na história dos navios negreiros, da simbologia das tranças, da curandeira africana Mãe Bonifácia, entre outras figuras que impactaram a sociedade.
As condutoras dessa aventura foram as palestrantes Deroni Mendes e Giselly Souza, que são quilombolas, estudiosas e ativistas nas causas antirracistas. A atividade integra o projeto ‘Folclore na Escola’, desenvolvido na disciplina de Língua Portuguesa pelas professoras Helba Proença e Edenilza Costa, em parceria com a biblioteca.
Davi Bulhões ficou impressionado com a aula. O que mais chamou sua atenção foi que a população negra não tem certeza sobre qual povo africano é descendente, porque os documentos dos escravos, majoritariamente negros, foram queimados. “Eu nunca saberia disso se não fosse essa palestra. Achei muito interessante”, conta.
A emblemática história de Mãe Bonifácia despertou a curiosidade de Júlia Amanda. “Sempre soube do parque que carrega seu nome, mas ainda não tinha conhecido a história por trás desse nome”, confessa a adolescente.
Bonifácia foi uma mulher negra, africana, curandeira e escrava livre. Ela era a esperança para os mais fracos e oprimidos, promovendo cura com seu vasto conhecimento de plantas e fornecendo guarida aos perseguidos. Com a ajuda dela, os escravos fugiam pelo córrego para o quilombo localizado na mata que hoje abriga o parque. “Achei incrível a atividade. Foi um banho de conhecimento”, acrescenta Júlia.
A filha da palestrante Deroni, Sofia Leite, é aluna da unidade escolar e estava orgulhosa de ter a mãe como inspiração. “Achei importante a minha mãe estar aqui. Fiquei feliz de o Sesi dar essa oportunidade e ela, que realiza um trabalho incrível”, celebra a jovem.
Para a palestrante Giselly, a troca de conhecimento com a garotada foi gratificante e esclarecedora acerca do fato de que folclore não é só lenda. “Ele trata de tradição oral, fala de resistência nas músicas, nas danças, na culinária, na literatura. O folclore é um campo imenso para ser explorado, e eu agradeço imensamente a oportunidade que tive aqui no Sesi de mostrar o meu conhecimento e meu potencial”.
A professora de Geografia do Sesi, Paloma Novaes, destaca que a temática apresentada vai ao encontro de diversos assuntos trabalhados em sala de aula. “A educação antirracista é algo urgente nos dias de hoje, e a melhor maneira de alcançarmos respeito às diferenças é através da educação positiva e orientadora. Por isso, desenvolvemos atividades considerando os problemas sociais, sem deixar de lado os assuntos da grade curricular de ensino”, afirma.
Texto: Fernanda Nazário