A primeira etapa do projeto Promovi – Promoção, Monitoramento e Valorização da Vida - se encerrou nesta terça-feira (31) com a entrega dos exames de rotina acompanhados de uma consulta médica presencial. Agora, os 250 trabalhadores, de 3 indústrias de Cuiabá e Várzea Grande, vão passar a ser acompanhados por nutricionistas, educadores físicos e enfermeiros. Os trabalhos, que fazem parte do escopo de atuação do Serviço Social da Indústria (Sesi), visam melhorar os índices de saúde e oferecer mais qualidade de vida.

Selecionados por meio de edital, as indústrias participantes vão receber uma série de atividades que visam mudar hábitos dos colaboradores durante um ano. A entrega dos exames, que aconteceu na semana passada, deu largada para a segunda fase do Promovi, reservada às orientações para mudança de hábitos de vida, como alimentação e exercícios físicos. A etapa posterior e final será composta por uma nova avaliação médica e posterior análise dos resultados.

O projeto é aplicado, atualmente, em versão piloto e pode ser comparada a um combo dos serviços já oferecidos pelo Serviço Social da Indústria (Sesi) e aplicados de forma contínua. “A ideia é que a composição de serviços faça o acompanhamento do indivíduo de forma integral, mudando não apenas o comportamento prejudicial à saúde no local de trabalho, como em casa. Quem sabe, influenciando a família, não é mesmo? ”, afirma a supervisora do programa, Sulwey Lopes.

As empresas contempladas com o programa foram a Plastibrás, Estofado Santos e Indústria Química CMT. A enfermeira do Sesi, Solange May, conta que a adesão dos colaboradores foi impressionante. Eles, que passaram por uma triagem multidisciplinar, estavam ansiosos pelos resultados dos exames e, agora, aguardam as orientações alimentares e sobre as atividades físicas, que serão realizadas duas vezes por semana no local de trabalho, mas que poderão ser ampliadas pelo trabalhador no horário de folga.

Resultados da 1ª etapa

Os diagnósticos preliminares da primeira etapa mostram um alto índice de pessoas acima do peso e que fazem consumo habitual de bebidas alcoólicas. O reflexo do resultado está no número de grupos formados focados no combate ao colesterol e etilismo. “A metodologia consiste em dividir as pessoas por grupos para que tenham orientações mais focadas no problema de saúde ou, no caso dos saudáveis, na melhoria dos hábitos”, explica.

Hipertensão, diabetes, colesterol e sobrepeso são os principais focos do trabalho. Além de serem quadros mais frequentes dentro das fábricas, também são os motivadores de outros problemas de saúde e afastamentos. A enfermeira Solange May lembra ainda que a alta incidência de Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNTs) e violências – como acidentes – colocam o Brasil em quarto lugar no ranking da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de Anos Potenciais de Vidas Perdidos (APVP). Sendo assim, o programa tem total aderência com o contexto atual da saúde no trabalho e contribui para o tratamento das doenças, resultando na redução da mortalidade e diminuição dos casos de incapacidades motoras, sensoriais e cognitivas.

Uma das colaboradoras da Plastibrás que passaram pela consulta médica foi Matieli Cristine Oliveira da Silva, 26 anos. Ela conta que foi identificado apenas o sobrepeso no caso dela. “Eu já sabia que ia dar isso. Eu ando comendo muita porcaria como lanches e frituras. Depois de tudo que ouvi, vou começar a me cuidar e ir para academia. Porque também sou sedentária”, relata.

Outra pessoa que passou pela consulta foi Moisés da Silva Leite, 23 anos, auxiliar de Logística da Plastibrás. Ele estava ansioso para consulta e disse ao médico que dorme não mais de 3 horas por noite e não anda se alimentando muito bem, duas questões que serão acompanhadas com a equipe multidisciplinar do projeto. “Eu até me acostumei a dormir pouco. Mas, já estou mudando isso. Não quero mais ficar perdendo noites em festas. É uma mudança que estou buscando porque senti que preciso e o programa vai ajudar”, afirmou.

Para a gestora de pessoas da Plastibrás, Adriana Godoi, o projeto Promovi traz uma expectativa positiva em relação ao futuro, principalmente no que diz respeito a melhoria da qualidade de vida dos colaboradores da empresa. “ Acreditamos que será um sucesso e estamos ansiosos para as próximas etapas do projeto”.

O Promovi

O projeto tem o objetivo de agir dentro dos cuidados primários em saúde, dando ênfase a doenças de grande prevalência em pessoas com idades entre 20 e 59 anos como diabetes, hipertensão e dislipidemia – popular colesterol alto ou gordura no sangue. As ações fazem sentido diante das estatísticas envolvendo a saúde dos trabalhadores, uma vez que 80% dos atendimentos por médicos de família podem resolver os problemas de saúde na primeira consulta e a falta de procura pelo atendimento preventivo, principalmente no caso dos homens, pode ampliar o risco de ser surpreendido por uma reação grave à doença. 

Durante as três fases do projeto, os participantes irão fazer exames e terão consulta com médico por meio da metodologia da telemedicina. A ideia é que haja qualidade no serviço associado a praticidade, uma vez que o funcionário não precisará se deslocar do local de trabalho.

Em seguida, haverá uma consultoria nutricional para que o trabalhador tome as rédeas dos cuidados da sua saúde e possa expandir as mudanças para a família, junto com a inserção de atividades físicas habituais. No projeto, educadores físicos participarão desta etapa dando orientações e treinamentos funcionais dentro dos espaços de trabalho duas vezes por semana.

Ao final, todos os exames serão repetidos e a comparação com os feitos no início do processo estará no relatório de resultados.

Texto: Caroline Rodrigues