Rota da ancestralidade: estudantes visitam centro histórico para compreender influência negra nas tradições cuiabanas
Aula de campo é sempre um instrumento facilitador da aprendizagem e os estudantes adoram. Desta vez, como parte da prova integradora do 4º bimestre, 30 alunos do 2º ano do Novo Ensino Médio Sesi Senai, unidade Cuiabá, visitaram patrimônio histórico e pontos turísticos de Cuiabá para compreender a influência negra nas tradições populares, cultura e história cuiabanas.
Sob orientação das professoras Cristina Souza Pontes e Laura Monge, a incursão pelo centro histórico teve início na Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Em seguida, o grupo passou por imóveis e locais que contam a história coletiva dos povos mato-grossenses: Beco do Candeeiro, Museu da Imagem e do Som (Misc) Lázaro Pappazian, inaugurado em 2006, abriga em seu acervo documentos fotográficos e sonoros que retratam a cidade, bar do Bugre que tem 103 anos de fundação e o Palácio da instrução.
Na Catedral Basílica do Senhor Bom Jesus, os estudantes puderam conferir a cripta, aberta à visitação mas pouco conhecida pelos próprios cuiabanos, que guarda os restos mortais de oito personalidades históricas, autoridades políticas e eclesiásticas locais, incluindo fundadores e protagonistas da formação da capital mato-grossense e do próprio estado.
Dentre os ilustres do local estão o bandeirante Pascoal Moreira Cabral, fundador de Cuiabá; Migue Sutil - outro bandeirante responsável pela fundação da cidade e que hoje dá nome a uma de suas mais importantes avenidas; Dom Aquino - religioso e intelectual cuiabano que exerceu o cargo de presidente do então estado de Mato Grosso entre 1918 e 1922 e que serviu à Igreja como arcebispo de 1922 a 1956; e o primeiro bispo que a cidade teve em sua história, Dom José Antônio dos Reis.
A excursão passou ainda pelo Centro Geodésico da América do Sul, na Praça Pascoal Moreira Cabral, conhecida antigamente por Campo d'Ourique, lugar onde castigavam escravos e eram realizadas as cavalhadas e touradas. A partir de 1972, no local passou a funcionar a Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso, e hoje abriga a Câmara Municipal de Cuiabá.
Finalizando a aula, os alunos passaram pelo Sesc Arsenal – um testemunho da cultura e beleza arquitetônica do estilo neoclássico franco-lusitano, que atualmente é um importante espaço cultural da cidade.
“Esse é um momento de muita importância para todos, quando pudemos fazer uma imersão na história da fundação de Cuiabá, bem como o surgimento de seus monumentos e lendas”, ressalta a professora Cristina, destacando que “a prova Integradora será trabalhada durante todo o quarto bimestre por meio da proposta da temática.
A finalização do processo-aprendizagem ocorre no próximo dia 19, com um evento cultural, no Sesi Park, “no qual o ensino médio apresentará diversas manifestações culturais, culinárias e de memória literária e artística”, adianta a educadora.
Os estudantes aprovaram a iniciativa. “Todos ficaram interessados em conhecer mais sobre a cultura e história cuiabana. Tivemos o auxílio de um professor de história especializado na área durante o passeio pelo centro histórico. Com sua ajuda, descobrimos coisas inimagináveis sobre a antiga Cuiabá, informações sobre as construções, o trabalho escravo, objetos antigos, religiões, racismo”, afirma Ellen Katlyn Resende.
A colega de turma, Eduarda Cristina da Mata, achou tudo superinteressante. “Não fazíamos ideia de nada que fora dito e mostrado, não sabíamos de tamanha história por trás dessa cidade tão calorosa. Foi uma ótima experiência”, finaliza.
Texto: Viviane Saggin