Aulas não presenciais: professores enfrentam desafios com muita criatividade
As aulas não presenciais implementadas como medida de contingência para evitar a circulação do coronavírus têm imposto a alunos e professores muitas mudanças e adaptações. Para os educadores do Ensino Fundamental os desafios são ainda maiores, já que os pequenos precisam de maior apoio dos professores e a socialização e convivência que a escola possibilita está temporariamente suspensa.
Nas unidades do Sesi Escola em Cuiabá e Várzea Grande, os profissionais não têm medido esforços na tarefa de ensinar. Para isso, se reinventam a cada dia para estarem mais próximos, mesmo que mediados por tecnologia, dos seus alunos, aproximando ao máximo possível da realidade e convívio escolar.
“Estratégias como tour virtual pela escola, vídeoaulas com personagens caracterizados, professores com adereços e mini cenários, contação de histórias, experiências maker, entre outras estratégias, têm sido usadas para possibilitar o engajamento dos alunos”, explica a coordenadora regional de Educação do Sesi MT, Cíntia Silva.
De acordo com ela, são momentos de aprendizagem significativa para professores, alunos e os pais - que têm sido grandes parceiros nesta jornada. “Juntos somos mais fortes para vencer todas as adversidades, buscando alternativas para um ano letivo atípico”, enfatiza.
Preparação
A pedagoga Sara Ribeiro, que ministra aulas nas turmas da Educação Infantil II e 3º ano do Sesi Escola de Várzea Grande, confessa que no início não foi fácil por ser tudo novo. “Tivemos treinamento da plataforma Microsoft Teams, fazemos cursos online, reuniões pedagógicas para discutir o processo e estamos em constante formação”.
A equipe lança mão ainda de recursos como canal de comunicação Classapp; atendimento para tirar dúvidas; aulas ao vivo e gravada; e aulas com material da Escola da Inteligência (um programa educacional que objetiva desenvolver a educação socioemocional no ambiente escolar, fundamentada na Teoria da Inteligência Multifocal, elaborada pelo Dr. Augusto Cury). “Todas as nossas aulas estão sendo adaptadas de acordo com a nossa nova realidade”, aponta.
Para melhorar a participação dos alunos, os professores procuram sempre interagir com as crianças como se estivessem nas aulas presenciais, com histórias, ritmos e desenvolvendo o conteúdo de forma lúdica e interativa.
A professora do Sesi Cuiabá, Divandreia Rinaldi, que leciona educação física para alunos séries de educação infantil ao ensino fundamental I, também precisou se reinventar. Com muita pesquisa, amor e criatividade, ela tem prendido a atenção dos pequenos e transmitindo, através do computador, todo o carinho e atenção dados nas aulas presenciais.
“Nesta nova forma de ensinar, perdemos o contato com o outro. No início, a falta de convívio com os alunos me doeu e percebi que eles também sentiam falta. Então, o primeiro passo no novo formato foi o acolhimento, usando a plataforma, recursos de vídeo, muitas ferramentas tecnológicas, animação, links, vídeos, pesquisas. Tudo como forma de atrair os alunos por 50 minutos de aula”.
Ela chegou a fazer imagens, em um tour virtual pela escola para que eles matassem um pouquinho da saudade do espaço. Também utiliza acessórios coloridos, objetos lúdicos, trocando figurinos durante as aulas, maquiagem mais forte e até envolve os estudantes na escolha dos adereços.
A educadora, que atua na unidade desde 2001, se preocupa com o bem estar dos alunos. “Para as atividades propostas é preciso pensar no espaço que eles têm em casa, muitos moram em apartamentos. Além disso, existe a preocupação se estão fazendo os exercícios corretamente, corrigir os movimentos e acompanhar o andamento de cada aluno”.
Parceria com os pais
A professora Sara lembra ainda que a rotina e organização da família é de extrema importância para as crianças, e nesse momento de isolamento social, organizar o tempo e as atividades colaboram para que seja mais leve e tenha menos desgaste emocional. Estabelecer horários para dormir, brincar, estudar, distribuir responsabilidades nas tarefas domésticas são fatores positivos para o desenvolvimento das crianças.
“O auxílio dos pais nas atividades escolares é fundamental visto que na escola os professores fazem essa intervenção, mas criar autonomia mesmo que a criança erre, colabora para que a aprendizagem seja ainda mais significativa”, ressalta a pedagoga.
Benedita Almeida, mãe do Anael Renato, 10 anos, que está no 4º B, conta que a rotina do garoto está bem planejada. No período matutino, ele se dedica às atividades da escola, à prática de violino e tem algum tempo livre para desenvolver seus próprios projetos, assiste série de anime que dáa ele criatividade para inventar mil coisas.
Já no período vespertino, ele participa das aulas on-line. A mãe lembra que nas primeiras semanas foi difícil fazer com que o filho ficasse conectado, participando das aulas ou tirando dúvidas, foi necessário muito diálogo sobre o tempo que estamos vivendo, sobre o comportamento durante as aulas.
Benedita, que também é professora, acredita que o fato de não estar fisicamente com as educadoras e os colegas esteja sendo o grande desafio. O filho sente falta da interação, de poder contar todas as coisas que tem feito e aprendido, das brincadeiras no final da aula enquanto esperava o pai buscá-lo.
As educadoras assinalam ainda que crianças, em fase de desenvolvimento, precisam bem mais do que um caderno, lápis e borracha para aprenderem. Elas precisam de toque, interação, descobertas, trocas de conhecimento entre elas, vivenciar na prática utilizando coisas concretas.
“Hoje, o computador deixou de ser apenas uma diversão para uso diário de obrigação, sabemos que as crianças menores apresentam limitações de atenção e concentração nesse processo, por isso, a parceria da família tem feito toda diferença no processo de aprendizagem de cada criança”, finaliza Sara.