Secretário-adjunto de Indústria do Mato Grosso prevê “desastre” no estado caso cortes no Sistema S sejam efetivados
O secretário-adjunto de Indústria, Comércio, Minas, Energia e Empreendedorismo de Mato Grosso, Celso Banazeski, avalia que um eventual corte de até 50% nos recursos destinados ao Sistema S traria danos para o crescimento econômico do estado.
“Se houver cortes de forma generalizada, isso vai prejudicar muito o estado. Em um estado que vem em um franco desenvolvimento seria um desastre”, considera Banazeski.
Para o secretário, a economia mato-grossense depende, cada vez mais, de mão de obra especializada. No estado, as demandas vêm de funções específicas da indústria, como técnicos profissionais de eletrotécnica, metalmecânica, automação industrial, em alimentos, edificações, agroindústria, álcool e açúcar.
Por isso, as nove instituições do Sistema S, como SESI e SENAI, têm participações importantes no incremento e desenvolvimento dos setores produtivos mato-grossenses. Atuam na formação de profissionais de todos os níveis, na elaboração de consultorias técnicas, no desenvolvimento de novas tecnologias e no atendimento a micros, pequenas, médias e grandes empresas.
“São instituições essenciais para o desenvolvimento do estado e que têm missões muito claras e propósitos importantes. Acreditamos no valor desse trabalho porque ele tem o potencial de transformar vidas e contribuir com o desenvolvimento socioeconômico de Mato Grosso”, afirma a diretora regional do SENAI-MT e superintendente do SESI-MT, Lélia Brun.
Apenas no ano passado, o SENAI Mato Grosso realizou mais de 80 mil matrículas em cursos de iniciação, qualificação, aperfeiçoamento, de aprendizagem industrial e superiores, oferecidos nas 13 unidades da instituição. Desse total, quase 22 mil vagas, ou 27,5%, foram destinadas a jovens carentes, ou seja, sem custos para os estudantes.
Nos primeiros três meses de 2019, quase 27.500 matrículas foram realizadas nas unidades do SENAI, espalhadas por Mato Grosso.
Instituições que são administradas pela indústria, SESI e SENAI – que fazem parte do Sistema S - argumentam que os recursos da contribuição compulsória pagas pelas empresas são privados, como aponta o artigo 240 da Constituição Federal, confirmado em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). As duas são entidades mantidas por contribuições compulsórias recolhidas pelas empresas, por meio de um percentual incidente sobre a folha de pagamento de cada empresa: 1% para o SENAI e 1,5% para o SESI.
Indústria Local
A indústria mato-grossense emprega quase 140 mil trabalhadores, produz mais de R$ 18 bilhões em Produto Interno Bruto, quase 2% da produção nacional. Os setores da construção, alimentos, bebidas, serviços industriais de utilidade pública e derivados de petróleo e biocombustíveis são responsáveis por quase 90% da produção industrial do estado. A média salarial na indústria do estado é superior a R$ 2.100, e mais de 60% dos trabalhadores têm, ao menos, o ensino médio completo. Os dados são do IBGE.
Para o especialista em Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) Danilo Souza, o setor educacional precisa de investimentos, e não de cortes. “De fato, nós temos que intensificar a questão do curso técnico porque há um desejo importante de se industrializar o país. E, nessa perspectiva, os cursos técnicos são fundamentais para a industrialização e para os ganhos de produtividade”, salienta.